sábado, 1 de abril de 2017

Silêncio do tempo!!!!

                                                               Almada Negreiros

Vivemos sempre a correr, a não ter tempo para as coisas mais simples, fazer um bom amigo.
As amizades dos dias de hoje  acompanham esta demanda e como tal são voláteis. Não temos tempo para coisas vulgares, apenas se perde tempo com quem se considera estar à  altura, com gente promissora. 
Ser boa pessoa é sinónimo de pacóvio, ingénuo e desinteressante. Um bom amigo, tem que reunir vários critérios.  Todos estes critérios de natureza material. Tais como, posição social, tipo de emprego, currículo,  domínio de línguas, estilo de vida, pessoa viajada, tem  carro,  de boa aparência e nalguns casos jovem ainda, etc...
 Pessoa que não reúna todos estes critérios é posta à margem. Não interessa e não se ajusta. Tal que é considerada ileterada. Há pois uma literacia da amizade.
 Atrever-me-ia a dizer que também foram definidos  X objectivos, para uma amizade sustentável até ao ano 2030.   
É pois uma sociedade de amizades interesseiras que só duram enquanto o interesse durar. A ideia de uma amizade que se funde no utilitarismo.
Depois procuramos sempre no outro certos traços,  isto é, certas virtudes, mesmo que nós não as possuamos. Mas o outro tem que as  ter. 
A situação é tão grave nalguns casos e ridícula, diria mesmo patológica,  que quando somos confrontados com alguém que nos oferece um presente de uma forma desinteressada, apenas querendo manifestar a sua estima e amizade sincera.  A reacção é de desconfiança e o pensamento é visitado pelas questões: " O que será que este quer?" e em seguida " O melhor é não dar confiança e manter distância."
Claro que o sentimento não existe, apenas funciona a razão. Lamentavelmente é assim que algumas pessoas funcionam.
Não temos tempo para conhecer alguém no seu interior e descobrir as suas virtudes.
Afinal, reconhecer que a  Universalidade da pessoa humana, consiste em reconhecer a particularidade de cada um, dá trabalho é preciso tempo  é tarefa para audazes, corajosos e livres de espírito.

" O nosso maior erro consiste em tentarmos colher de cada pessoa em particular as virtudes que elas não têm, e de nos esquecermos de cultivar as que de fato são suas"
                                                                                      Marguerite Yourcenar

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